Soturnidade

Sangue manchado de tragédia.

Converso sobre tempestades, vendavais, furacões e todo o tipo de desgraça que a mãe natureza traz.  Mas não consigo me imaginar passar. Eu não sou resistente para passar por cada um, na realidade, eu fraquejo mais ainda.

Essa noite foi a mais triste, perdi o meu brilho, acordado na madrugada, cinco da manhã fazendo cabelo, arrumando casa, chorando pelos cantos. Foi assim que descobri que prefiro passar o meu tempo sozinho com a minha própria companhia na madrugada.

Eu sempre sei que posso fazer melhor, ser melhor, mas a cada dia passado, tudo se torna mais lúgubre que o dia anterior. E eu me sinto fora de área.

Mas hoje eu fui um pouco mais infeliz que o dia anterior, e assim para sempre.

Os dias bons não existem mais, eles agora são horas, às vezes momentos.

Eu digo que nem sei como a minha história vai acabar, mas eu tenho essa impressão de que serei infeliz; infeliz, só e morrerei pelas minhas próprias mãos. Um estrago. Sendo assim, eu aceito.

Então, me diga, o que é pior: estar vazio e não sentir nada ou estar cheio até o topo de tristeza?

Eu não procuro, a tristeza acha seu caminho até mim, como se ela sentisse o meu cheiro.

E, bem, eu tentei ser positivo, mas positividade não tira ninguém da lama, eu me acostumei com o meu próprio fracasso.

Eu digo que não sei como vai acabar essa história, mas eu sei como vai. Ela tem sido o mesmo fim toda noite, todo o dia.

Eu não consigo mais lutar porque não saio da cama, e às vezes eu procuro amigos para me acalmar desse desespero. Ok, eles não estão. Lamentável, ninguém sabe a fórmula para me fazer me sentir menos infeliz, tampouco eu sei.

Eu acho que algumas pessoas nascem com tragédia em seu sangue, talvez eu fosse uma delas. Uma dessas pessoas que tenta ao máximo se encaixar no mundo e não consegue.

Eu acho que tudo o que posso esperar é pelos meus sonhos, que achem seu caminho até a mim, e quando chegarem, que tragam respostas que preciso.

O mundo é um caos e isso faz parte, mas eu sou um buraco negro. Então para onde eu pertenço?