A tristeza me cai bem tal como um sonhador cai de um viaduto

 "Não compreendemos a morte, nem ao menos compreendemos a nós mesmos. Velho amigo ou amante, o mais próximo entre os próximos, não conhecemos sua face. Estamos condenados à solidão, confusos e perdidos. Tudo o que vivemos nunca será o bastante para resolver nossas aspirações"



O lençol que emaranha tanto já deixou de ser confortável. A cama, até então, costumava não ser tão fria assim. E ao acordar, parece que bati minha cabeça 24 vezes antes de despertar de vez. Sinto-me paranoico, acima de tudo. Eu nem dei permissão, mas esse sentimento de angústia me invade, me fazendo querer chorar e me perguntar por que eu to vivo.

Então é assim, um dia você está bem e no outro você acorda tão mal que começa a elaborar teorias sem alicerce nenhum. Então você aponta o dedo para teu amigo e diz que ele não te ama mais e que coloca todos acima de você. Então, você grita com seu irmão sem perceber que foi grosso quando você pensava estar brincando. Então, de repente, só existe um porcento de pessoas que se importam contigo e o resto não. Então, você passa a esquecer de amigos, compromissos, de entrar no seu perfil do twitter e responder seu amigo. E então você passa a agir como um escroto sem motivo, você só tá de saco cheio de apanhar do mundo e pensa que pode devolver com todo o seu ódio e rancor guardado como uma resposta (que na verdade é uma pirraça de criança) para tudo.

Mas nada faz sentido há um tempo e você só realmente está cansado. Porque não há, literalmente, reservas de ódio e rancor. Você só se cansa.

Os dias também passam a correr ao mesmo que param, então tudo parece melancólico e chato, sem razões quando você fica muito tempo no banho ouvindo a água cair no teu cabelo ao som de qualquer playlist de indie triste que você achou no spotify.

Seu egoísmo também é enorme e não faz sentido pensar tanto em si quando você esqueceu de lavar o cabelo ontem mesmo. Então pra quê?

Arraste, arrasta, leve tudo, leve-me como a chuva leva as lágrimas, leve-me como o vento leva e traz o amor.

Escondo-me nesse abecedário para leigos, mesmo não contando nomes em meus livros, eles só fazem falta. Até as pessoas próximas a mim e que usualmente troco frases e palavras. Não é necessário citar vogais e consoantes, sentir é necessário e humano, mas pra mim já fez há tanto tempo, que nem me importo mais. A saudade que as pessoas provocam é cruel e marca tanto quanto lágrimas nas madrugadas.

Um dia você acorda e não se sente bem outra vez. Não existe muita coisa a ser descrita. Você acorda e uma angústia te assola e você queria ter uma faca pra enfiar no coração para se livrar. E está mais sensível do que anteriormente, podendo chorar se quiser, rir se quiser. É um misto não natural entre estar bem e estar mal, constantemente havendo a troca pelo ruim pelo “melhor”.

Tal como sua concentração e foco se tornam falhas. Você sente que pode chorar, mas também pula, porque a inquietude adentrou sua casa e você não sabia o que fazer, os dois brigavam por uma moradia e você só queria fugir. Não existia uma saída, então a inquietude venceu, porque eu me movia pelas escadas cinco vezes sem pensar e circulei pelo meu quintal a procura de respostas para nenhuma pergunta formada.

Escondi-me, quando a tristeza decidiu expulsar o desassossego, em meus lençóis e me pergunto se é aqui onde deveria ficar. Não é como um abraço confortável, mas o suficiente para que você possa me abrigar. Abrigar-me da confusão mental que tanto é sussurrada em minha psique, abrigar-me do medo e das inseguranças. É um falso carinho que eu tanto queria e talvez precisasse.

Dessa vez, deixei que o sol esquentasse minha cama. Fechei as cortinas ainda de tarde quando começou a nublar e eu pensei que não tinha nada de errado em chorar quando o tempo está querendo desabar. Nem tudo está bem para todo mundo. Tão quente e necessário, deixei que minha cabeça ficasse confortável nesse travesseiro. A tristeza cai bem em mim assim como um sonhador cai de um viaduto, portanto, avise-me, então, quando eu puder pular. O lúgubre já é de casa, mas não por muito tempo.

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